quinta-feira, 22 de maio de 2014

Caboclos: Os Guerreiros das Matas


Quem são os Caboclos?!

 

 



Tudo começou pela palavra de um Caboclo. Foi através do Caboclo das Sete Encruzilhadas, por intermédio do médium Zélio Fernandino de Moraes, que nasceu a nossa Umbanda no dia 15 de Novembro de 1908. De lá pra cá são 106 anos da nossa querida religião.

Os Caboclos são entidades atuantes na linha da direita. São guias que trabalham na irradiação de Oxóssi, porém também seguem a irradiação de outros Orixás, de acordo com a sua linha de trabalho. São espíritos de uma certa hierarquia e que vibram na mesma energia das leis da Umbanda. Um Caboclo não precisa, necessariamente, ter sido um índio em sua última encarnação mas muitos dos que trabalham dentro da Umbanda já foram de origem indígena em alguma vida. Muitos já foram Incas, Astecas, Maias, entre outros. Todos já viveram em terras recém descobertas, formaram aldeias, tribos, e carregam em sua essência o conhecimento, o dom do cultivo e da fabricação, já que eram eles que criavam tudo que sua tribo necessitava.

Assim como os Pretos Velhos, os Caboclos são guias de grande elevação espiritual. Seu trabalho dentro de um terreiro é amplo, indo desde consultas, passes e correntes de energização a descarregos e trabalhos de manipulação, seja ela física ou com ervas, banhos, etc. São peritos no conhecimento medicinal através das ervas e da anatomia humana, muitos se denominam curandeiros, rezadeiros e parteiras. Na mesma proporção, existem Caboclos que são exímios caçadores e também conhecedores de agricultura.

Durante as giras, quando incorporados em seus médiuns, assumem uma postura rústica, lembrando e muito sua forma primitiva. Alguns médiuns se transfiguram, lembrando ainda mais uma figura indígena. Seus acessórios são, muitas vezes, cocares, penachos, cordões, arcos, flechas e lanças de madeira. Não dispensam um bom charuto, batem seus punhos "em flecha" no peito, no intuito de ativar o chakra cardíaco do médium, equilibrando suas emoções e utilizam muitas vezes o estalar de dedos como forma de energização do terreiro e do consulente. Seus brados são inconfundíveis, quem nunca se arrepiou ao ouvir um Caboclo gritar? O "ilá" de um Caboclo faz parte da linguagem comum entre eles, dificilmente um médium resiste escutar um brado sem, pelo menos, estremecer. Tanto em suas chegadas como em suas despedidas, o brado é utilizado, é uma marca registrada dos Caboclos.

Como dito no início, todos os Caboclos trabalham na irradiação de Oxóssi, por ser o Orixá das Matas, porém cada Caboclo que não pertence a irradiação pura de Oxóssi, trabalha para um determinado Orixá, utilizando de sua irradiação para atuar dentro e fora dos terreiros. Abaixo segue os exemplos de alguns Caboclos e seu respectivo Orixá.

Caboclos de Oxalá

Os Caboclos que seguem a linha de Oxalá quase não trabalham dando consultas. Geralmente dão passe de energização. São "compactados" para incorporar e se mantém localizados em um ponto do terreiro sem deslocar-se muito. Sua principal função é dirigir e instruir os demais Caboclos.

Exemplo: Caboclo Urubatão da Guia, Caboclo Tupã, Caboclo Estrela Guia, Caboclo Seta Branca de Aruanda, Caboclo Luz da Manhã, Caboclo Sol Nascente, Caboclo Luz Dourada, Caboclo da Chama Trina, Caboclo do Sagrado Coração, Caboclo da Cruz Sagrada, Caboclo do Sol e da Lua, Caboclo Pembra Branca, Caboclo Luz Branca, entre outros...

Caboclos de Ogum

Os Caboclos de Ogum gostam de andar de um lado para outro e falam de maneira forte, vibrante e suas atitudes demonstram vivacidade. As consultas são diretas, geralmente gostam de trabalhos de ajuda profissional e seus passes são, na maioria das vezes, para doar força física e ânimo.

Exemplo: Caboclo Sete Espadas, Caboclo Sete Matas, Caboclo Sete Ondas, Caboclo Sete Lanças, Caboclo Akuan, Caboclo Águia Branca, Caboclo Águia Dourada, Caboclo Águia Solitária, Caboclo Pena Vermelha, Caboclo da Mata, Caboclo Rompe-Nuvem, Caboclo Rompe-Ferro, Caboclo Rompe-Aço, Caboclo Rompe-Mato, Caboclo Tabajara, Caboclo Icaraí, Caboclo Tamoio, Caboclo Ubirajara, entre outros...

Caboclos de Oxóssi

Estes são os que mais se locomovem dentro do terreiro. São rápidos e dançam bastante. Trabalham com banhos e defumadores, não possuem trabalhos definidos, podendo trabalhar para diversas finalidades. São os caboclos que geralmente são chefes de linhas.

Exemplo: Caboclo das Sete Encruzilhadas, Caboclo Sete Serras, Caboclo Arruda, Caboclo Aimoré, Caboclo Arapuí, Caboclo Boiadeiro, Caboclo da Lua, Caboclo Caçador, Caboclo Flecheiro, Caboclo Folha Verde, Caboclo Guarani, Caboclo Japiassú, Caboclo Javarí, Caboclo Paraguassu, Caboclo Mata Virgem, Caboclo Pena Azul, Caboclo Rompe-Folha, Caboclo Sete Flechas, Caboclo Serra Azul, Caboclo Tupinambá, Caboclo Tupaíba, Caboclo Tupiara, Caboclo Ubá, Caboclo Junco Verde, Caboclo Tapuia, entre outros...


Caboclos de Xangô

Caboclos que trabalham na linha de Xangô são guias de incorporação rápida e geralmente eles arriam seus médiuns no chão. Normalmente trabalham focados em questões de empregos, causas na justiça, imóveis e realizações no campo profissional. São diretos para falar e seus passes são voltados para dispersão de energias negativas.

Exemplo: Caboclo Araúna, Caboclo Giramundo, Caboclo do Sol, Caboclo Cajá, Caboclo Caramuru, Caboclo Cobra Coral, Caboclo Girassol, Caboclo Goitacaz, Caboclo Guará, Caboclo Guaraná, Caboclo Janguar, Caboclo Juparã, Caboclo Mirim, Caboclo Sete Cachoeiras, Caboclo Sete Caminhos, Caboclo Sete Estrelas, Caboclo Sete Luas, Caboclo Sete Montanhas, Caboclo Tupi, Caboclo Treme-Terra, Caboclo Sultão das Matas, Caboclo Cachoeirinha, Caboclo Ubiratan, entre outros...

Caboclos de Obaluaê / Omulú

Os Caboclos de Obaluaê são, em alguns casos, espíritos dos antigos "pajés" das tribos indígenas. Raramente trabalham incorporados, e quando fazem isso, escolhem médiuns que tenham Obaluaê como primeiro Orixá. Sua incorporação parece a de um Preto Velho e em algumas casas, locomovem-se apoiados em cajados. Movimentam-se pouco e fazem trabalhos de magias para varios fins.

Exemplo: Caboclo Roxo, Caboclo Arranca-Toco, Caboclo Acuré, Caboclo Aimbiré, Caboclo Bugre, Caboclo Guiné, Caboclo Yucatan, Caboclo Jupurí, Caboclo Uiratan, Caboclo Alho d'Água, Caboclo Pedra Branca, Caboclo Pedra Preta, Caboclo Laçador, Caboclo Grajaúna, Caboclo Bacuí, Caboclo Piraí, Caboclo Surí, Caboclo Serra Verde, Caboclo Serra Negra, Caboclo Tira-Teima, Caboclo Folha Seca, Caboclo Sete Águias, Caboclo Tibiriçá, Caboclo Viramundo, entre outros...

Caboclas de Oxum

As Caboclas de Oxum geralmente são suaves, sua incorporação acontece principalmente através do chakra cardíaco. Trabalham mais na ajuda de doenças psíquicas como depressão, desânimo, entre outras. Seus passes são voltados tanto para dispersão quanto para energização. Suas consultas tendem a ser reflexivas, são conselheiras e seus passes quase sempre são para alívio emocional.

Exemplo: Cabocla Iracema, Cabocla Yara, Cabocla Imaiá, Cabocla Jaceguaia, Cabocla Juruema, Cabocla Juruena, Cabocla Araguaia, Cabocla Estrela da Manhã, Cabocla Tunue, Cabocla Mirini, entre outras...

Caboclas de Iansã

São rápidas e deslocam muito o médium. São diretas para falar e por diversas vezes pegam os consulentes de surpresa. Devido a ligação de Iansã com Xangô, essas Caboclas atuam nos campos profissionais e de prosperidade. Sua maior função é o passe de dispersão de energias negativas, mas também podem trabalhar para diversas finalidades, dependendo da necessidade.

Exemplo: Cabocla Jurema, Cabocla Bartira, Cabocla Jussara, Cabocla Japotira, Cabocla Maíra, Cabocla Ivotice, Cabocla Valquíria, Cabocla Raio de Luz, Cabocla Palina, Cabocla Poti, Cabocla Talina, Cabocla Potira, entre outras.

Caboclas de Iemanjá

São Caboclas suaves, porém mais rápidas do que as de Oxum. Rodam muito quando chegam, a ponto de deixar os médiuns tontos. Trabalham especificamente para desmanche de trabalhos, limpeza espiritual e todo o negativo é conduzido por elas para as águas do mar.

Exemplo: Cabocla da Praia, Cabocla Estrela d'Alva, Cabocla Janaína, Cabocla Diloé, Cabocla Guaraciaba, Cabocla Jandira, Cabocla Jaci, Cabocla Jaciara, Cabocla Sete Ondas, Cabocla Sol Nascente, entre outras...



Qual é o seu habitat: Nas matas grandes, virgens e fechadas.

Seu dia na semana: Quinta-Feira (dia de Oxóssi) ou no dia da irradiação a qual ele pertence.

Saudação: Okê Caboclo!

Comidas: Grãos cozidos e frutos.

Bebidas: Água, Água com Mel, Vinho, Vinho com Mel e Caldo de Cana.


Caboclos... Servos dos Orixás,  defensores da Lei e da Ordem espiritual dentro e fora dos Terreiros. São guias, amigos, guardas, médicos, mensageiros, conselheiros... São instrumentos da Luz Divina, são os protetores de Aruanda.

Estes são os caboclos...

Muito axé, queridos irmãos!





quarta-feira, 21 de maio de 2014

Quando um terreiro de Umbanda acaba?!


Quando um terreiro de Umbanda acaba?!

 



"Um terreiro de Umbanda acaba quando a vaidade é maior que a caridade.

Um terreiro de Umbanda acaba quando a fofoca e a intriga são maiores que o estudo e a disciplina.

Um terreiro de Umbanda acaba quando a maledicência fala mais alto que a beneficência.

Um terreiro de Umbanda acaba quando a higiene física, astral e mental são rigorosamente observadas.

Um terreiro de Umbanda acaba quando falsos médiuns são admitidos pelo dirigente na corrente apenas com o intuito de aumentar a arrecadação financeira da casa.

Um terreiro de Umbanda acaba quando as "festas" e "homenagens" são mais importantes e concorridas que as giras de atendimento e reuniões de estudo.

Um terreiro de Umbanda acaba quando as guias (colares) são mais importantes que os Guias (mentores).

Um terreiro de Umbanda acaba quando os "pontos" são cantados sem emoção e quando os "pontos" são riscados sem nenhuma noção.

Um terreiro de Umbanda acaba não porque os Guias se afastam dos médiuns, mas porque os médiuns é que se afastam dos Guias.

Um terreiro de Umbanda acaba quando se cobra o que não deve ser cobrado.

Um terreiro de Umbanda acaba quando não se cobra o que deve ser cobrado.

Um terreiro de Umbanda acaba quando a "mágica" substitui a verdade magia.

Um terreiro de Umbanda acaba quando o "visível" se torna mais importante que o "invisível".

Um terreiro de Umbanda acaba quando há falta de ética, de bom-senso e de respeito.

Enfim... Um terreiro de Umbanda acaba quando acaba a fé, o amor e a verdade.

Sr. Exu Marabô



Pombogira: A Exu-Mulher


Quem são as Pombogiras?!

 

 



"Pombagira é... Mulher de Sete Maridos... Não mexa com ela, ela é um perigo!"

Conhecida como "Pombagira", a pronúncia correta é "Pombogira" e em alguns terreiros, "Bombogira".
Esta é outra entidade de muita luz atuante na linha da Esquerda e igualmente injustiçada pela herança deixada na história de nosso país, assim como os Exus. Constantemente comparada ao "Diabo", as pombogiras convivem com preconceito mas também com fascínio de muitos.

As lebarás (como também são conhecidas) são entidades mensageiras dos Orixás. Conhecedoras do Mistério Astral, são doces e sedutoras porém sérias e firmes. São verdadeiras damas, ora discretas, ora espalhafatosas. Todas dentro de seu incontestável charme que traz uma verdadeira aura de alegria e sensualidade. Sua irradiação é tão intensa que faz até as pessoas mais céticas se encantarem ao som de suas gargalhadas e nas danças sempre esbanjando muita delicadeza e beleza.

A sua função dentro de um terreiro umbandista é praticamente a mesma do Exu. Elas são encarregadas de assegurar a aproximação dos Orixás no locais onde os mesmos estão sendo cultuados e também cuidam da porteira dos terreiros e da segurança de seus médiuns, realizando a triagem dos espíritos sem luz que ainda não estão prontos para o "socorro".

Errado é aquele que acha que pombogiras não é astuta. Assim que alcançou o grau análogo dos Exus, ela recebeu a alcunha de "Exu-Mulher" ou "Mulher de Exu". Marota como só ela, logo deixou claro e disse: "Sou mulher de Sete Exus... Um para cada dia da semana!" e assim, garantiu sua condição de superioridade e independência, dignas de uma Pombogira.

Pombogira construiu o arquétipo da mulher livre das convenções sociais, liberal, exibicionista, provocante, insinuante, sensual, desbocada e autêntica. Escrachada e provocativa, ela mexeu com o imaginário popular e muitos a associaram à mulher da rua, a famosa "rameira oferecida", apesar de nada ter o que comparar.

Educadas e sempre ótimas conselheiras, à todos elas ouve e a ninguém é negado seus conselhos. Sua ajuda se concentra em um campo que domina como ninguém mais é capaz: o Amor. Sua desenvoltura e seu poder fascinam até os mais introvertidos que, diante delas, se abrem e confessam suas necessidades.

Pelo fato de serem entidades femininas, elas podem se manifestar tanto em médiuns do sexo masculino como do feminino. Apesar de haver um grande pensamento de que apenas médiuns mulheres podem ser "cavalo" de uma pombogira e que os médiuns homens que vibram na irradiação de uma lebará são homossexuais ou podem se tornar, isso tudo é um verdadeiro equívoco. Existe um grande universo que ronda este assunto dentro das religiões espíritas, seja na Umbanda ou no Candomblé, porém nada justifica.

Quando há a incorporação de um espírito, o que move o mesmo é a evolução moral do médium e a sua necessidade de servir em nome do bem, da caridade. A condição sexual de cada um não importa para aquela entidade, mas sim a vontade de prestar a caridade! A homossexualidade é uma questão humana e não espiritual. Nenhum homem se torna homossexual por servir de instrumento para uma pombogira, da mesma forma que nenhuma mulher se torna homossexual ao incorporar um Exu.


Elas são entidades de luz e que auxiliam os filhos de fé dentro dos terreiros e fora deles também. São damas injustiçadas pela herança popular, vítimas do preconceito mas que nunca descem do salto, nos ensinando assim a superar todos os obstáculos da vida. São verdadeiras guerreiras espirituais que, com doçura, nos ensina as lições da vida e, com firmeza, quebra as demandas oriundas das trevas.

Essas são as pombogiras.


As pombogiras se identificam por diversos nomes e trabalham em todas as Sete Linhas. Muitas levam nomes semelhantes, mas nenhuma é igual a outra. Cada uma com seu encanto, cada uma com a sua firmeza. Segue abaixo alguns nomes de nossas queridas moças.

  • Maria Padilha
  • Maria Mulambo
  • Maria Quitéria
  • Maria Bonita
  • Maria das Flores
  • Rosa Caveira
  • Rosa Vermelha
  • Rosa Negra
  • Pombogira da Figueira
  • Pombogira Rainha
  • Pombogira Sete Saias
  • Pombogira da Lira
  • Pombogira Dama da Noite
  • Pombogira Menina
  • Entre outras...

"Ela é mulher, ela é protetora. Ela é a vida onde se acha estar morto...
Ela é resgatadora, ela é guardiã. Ela é esgotadora das energias descontroladas...
Ela é a luz nas trevas, ela é guerreira de Deus."


Muito axé, queridos irmãos!


terça-feira, 20 de maio de 2014

Exu: O Guardião dos Caminhos



Quem são os Exus?!




Muito se fala, mas pouco se entende destas incríveis entidades da Umbanda.

Apesar das referências ao diabo, devido a herança do sincretismo religioso, é errado associar os Exus a prática do mal. Na Umbanda, o Exu é uma entidade mensageira dos Orixás. Eles cuidam da segurança da Casa e de seus médiuns. Todas religiões possuem entidades que cumprem este papel de guardiões. Um exemplo disso foi a comunicação recebida por Chico Xavier, onde é dito sobre a existência de espíritos trabalhando nestas funções no Plano Astral.

A Gira de Exu, como são chamadas as reuniões onde estas entidades incorporam para trabalhar, tem como finalidade descarregar os médiuns e os consulentes. Utilizando suas energias, são capazes de orientar com facilidade almas que ainda não encontraram seu caminho de luz. Espíritos desencarnados que ainda não aceitaram sua passagem para o mundo espiritual e que, presos aos vícios do mundo carnal, continuam buscando saciar seus desejos, seja prejudicando, desequilibrando ou sugando as energias dos encarnados. Em alguns casos, o desequilíbrio é tanto que algumas pessoas são diagnosticadas como loucas.

Para este tipo de trabalhos, os Exus necessitam muito do nosso equilíbrio e de nossa energia. Quando estes espíritos sem luz se manifestam em um terreiro, seja em um médium ou em um consulente, os Exus utilizam do nosso equilíbrio para que tenhamos bons pensamentos, harmonia e amor verdadeiro para com o próximo, uma vez que estes espíritos podem se manifestar com ódio, rancor, raiva, entre outros sentimentos ruins. Desta forma, é possível "desarmar" estes espíritos para que não tentem tomar a frente da situação e, quem sabe, persuadi-los a seguir o caminho da luz, libertando-os do encarnado ao qual está ligado. Estes espíritos, na maioria dos casos, estão desorientados, com dores, tristes, sofrendo pelo desencarne, humilhadas. Diante disso, os Exus auxiliam estes espíritos.

Quando um consulente chega a um terreiro de Umbanda, se está acompanhado de um espírito sem luz, este espírito não consegue se aproximar da casa pois os Exus firmados na Tronqueira são responsáveis pela segurança e encarregados de fazer uma triagem, permitindo apenas que espíritos que eles percebem que já estão prontos para receber o auxílio entrem na casa.

Os Exus são entidades que riem, sarristas e simpáticos, porém não brincam em serviço. Deve se ter muito respeito para com essas entidades, pois eles são os que guardam os terreiros e também nossos caminhos. São os principais responsáveis pela limpeza das energias pesadas e negativas. Toda pessoa que busca auxílio em um terreiro de Umbanda, traz consigo um saco de lixo abarrotado (com seus pensamentos ruins, suas raivas, angústias, desilusões, etc) e são os Exus que ficam encarregados de juntar todo esse lixo espiritual e descarregar, melhorando nossa autoestima e dando-nos mais força para seguir nosso caminho.

Exu é mal?!

Há quem diga que os Exus são demônios, e até alguns pontos cantados fazem alusão a isso, porém está errado aquele que afirma isso. Exu é neutro, quem faz o mal são os médiuns que utilizam os Exus para fazerem trabalhos prejudiciais a outras pessoas. Na verdade, o bem e o mal é produto da vontade e da evolução do próprio homem e Exu está acima do bem e do mal, sentimentos esses pertencentes a evolução humana.

No tempo da escravidão, os brancos conheciam as danças dos negros africanos como forma de saudarem seus santos e durante estes rituais, os negros incorporavam alguns Exus. Com seu brado e com o jeito maroto e extrovertido, os brancos se assustavam e se afastavam ou até mesmo agrediam os negros, alegando estarem endemoniados. Com o passar do tempo, os brancos tomaram conhecimento dos sacrifícios que eram oferecidos a Exu e isso reacendeu a chama do preconceito, aumentando ainda mais a alcunha de demônio. As cores de Exu também serviu para aumentar o medo e o fascínio que rondava as pessoas mais sensíveis.

Então, quem é Exu?!

Exu, termo originário do idioma Yorubá, da Nigéria, representa o vigor, a energia que gira em espiral.
Ele é o guardião dos caminhos, é soldado dos Pretos Velhos e dos Caboclos, é o emissário entre os homens e os Orixás. É lutador contra o mau, sempre de frente, sem medo e sem mandar recado.

São verdadeiros cobradores do carma e responsáveis pelos espíritos humanos caídos. São o braço armado e a espada divina do Criador nas Trevas. Eles combatem o mal e são responsáveis pela estabilidade astral na escuridão. Em seus trabalhos, Exu corta demandas, desfaz trabalhos, feitiços e magia negra. Ajuda nos descarregos e desobsessões, retirando espíritos trevosos e os encaminhando para a luz ou para que possam cumprir suas penas em outros lugares do Astral Inferior.

Seu dia é Segunda-Feira, seu patrono é Santo Antonio, cuja data comemorativa é a mesma de sua comemoração. Sua roupa, quando lhe é permitido usar, tem as cores preta e vermelha, podendo variar de acordo com a irradiação a qual correspondem. Usam cartolas ou outros chapéus, capas, véus e até mesmo bengala e punhais em alguns casos.

Algumas palavras sobre estas entidades fascinantes...

- Tem palavra e a honra.
- Busca sempre a evolução.
- Por sua função cármica, sofrem com constantes choques energéticos a que estão expostos.
- Afastam-se daqueles que atrasam sua evolução.
- São justos e dificilmente mostram "emotividade".
- São caridosos e estão sempre nos lugares mais perigosos para a Alma Humana.

As vezes temido, as vezes amado, mas sempre alegre, honesto e combatente da maldade no mundo...

Esse é Exu...

Muito axé, queridos irmãos!