sexta-feira, 4 de julho de 2014

Malandros: Os mensageiros de Zé Pelintra

Quem são os malandros?!





A linha dos malandros que trabalham na Umbanda traz para dentro dos terreiros os considerados "excluídos" da sociedade. São espíritos que por conta do preconceito racial, foram, em alguma encarnação, marginalizados pela sociedade, mas que lidaram com essa adversidade sem perder sua fé, sua identidade e seu bom humor. Após desencarnarem, continuaram suas caminhadas em busca da evolução espiritual até alcançarem o grau evolutivo que lhes permitiu voltar ao plano físico para trabalharem como guias espirituais.

Mas afinal, o que um "malandro" teria para ensinar as pessoas? Qual seria sua contribuição dentro de uma religião tão doutrinada como a Umbanda? Primeiramente, devemos lembrar que nos referimos a estas entidades como malandros, sem o sentido vulgar da palavra! Estes espíritos que se apresentam dentro da linha que corresponde a este grau vem para nos ensinar a flexibilidade , a capacidade de adaptação diante dos obstáculos, o "jogo de cintura" e o bom humor que se obtêm através do sentimento de fé na vida e em si mesmo. De alguma forma, eles vivenciaram estas situações em algum momento de sua existência e assim podem nos auxiliar em nossas vidas. 

A Malandragem nos ensinam que a vida é feita de experiências e toda experiência visa a nos ensinar algo de positivo, que não há obstáculos insuperáveis e que é preciso confiar nas Leis da Vida e manter a alegria e o bom humor para estar em sintonia com faixas vibratórias positivas e atrair a cura espiritual, emocional, mental e física.

Sua linguagem é altamente simbólica. Muitas vezes eles falam conosco e comparam a vida a um jogo de cartas ou dados. Nesse "jogo", a linguagem se define da seguinte forma:

  • JOGADA RUIM - Seria um imprevisto, uma adversidade. O que não significa a perda da "partida" (motivo para desespero, descrença ou desistência), pois a próxima "jogada" (nova oportunidade, novo passo) poderá ser melhor, só depende de nós da nossa fé.
  • ADVERSÁRIO - Seriam desafios externos, bem como os próprios pensamentos, convicções, emoções ou sentimentos negativos. É preciso estar atento para ter melhores condições de enfrentá-lo e alcançar a "vitória".
  • VENCER O JOGO - Seria a superação do obstáculo em si. Mas nesse quesito, a "grande vitória" seria o entendimento do "jogador" sobre as causas das dificuldades na vida e a aceitação da nossa responsabilidade por essa realidade que, de algum modo, criamos. O erro ensina e nos dá a oportunidade de recomeçar e aceitar.
  • DERROTA - Não significa que é o final de tudo. Sempre se pode tentar de novo, sem nunca desistir.
  • VIRAR O JOGO - Através da persistência, da alegria e da fé no amanhã, podemos reverter o que não deu certo e alcançar a "vitória".

Quando se fala em "malandro", na linguagem cotidiana, a primeira idéia que nos ocorre é a do homem boêmio, do jogador inveterado de cartas ou de dados, do amante da noite, da música e das rodas de dança, que vivia de expedientes, carregava navalhas ou facas e fugia da polícia.

Os Malandros vêm até nós através das Mãos do Criador, para nos ensinar "a boa malandragem". Nos ensina a fazer limonada de limões azedos que recebemos dos outros, escorregar e levantar rapidinho, sem perder a compostura e a elegância e já sair dançando e cantando, ensinam a jogar "o jogo da vida" e ser um bom parceiro de jogatina, ensinam a rir das tristezas e de si mesmo quando as coisas não vão bem, assumir o que se é, sem hipocrisia e fazer todo o Bem que se possa, não se prender a padrões e valores externos, mas ficar centrado em si mesmo e na sua Fé, sem nunca desacreditar da Vida Maior, cujo amparo permeia todos os caminhos diários.

Os Malandros são simples, amigos, leais e verdadeiros. Mas se alguém pensa que pode enganá-los, então é desmascarado sem a menor cerimônia e na frente de todos, porque os Malandros não toleram a maldade, a injustiça ou a tentativa de se enganar aos mais fracos.

Manipulam magisticamente fumos, como charutos e cigarrilhas, suas bebidas vão desde aguardente, batidas diversas, como as de côco, conhaque e até uísque.

São cordiais e alegres. Parecem dançar a maior parte do tempo, mas com seus movimentos estão é recolhendo negatividade e purificando as pessoas e o ambiente. Como regra geral, os Malandros não são Exus. São Entidades que integram Linhas de Trabalho distintas. Mas alguns Malandros se manifestam nas sessões da Esquerda, junto a Exus e Pombogiras. Dentro da Linha existem também as manifestações  femininas, das quais Maria Navalha e Maria do Cais são as entidades mais conhecidas da Malandragem.

A figura mais conhecida dentro desta Linha, sem sombra de dúvidas, é seu Zé Pelintra. Seu Zé, como é conhecido popularmente, é uma Entidade peculiar, pois tanto se manifesta na Direita quanto na Esquerda. Na Direita, ele vem como Malandro mesmo, ou como Baiano ou ainda como Preto Velho quimbandeiro (isto é, voltado para o corte de demandas e magia negra). Já na Esquerda, ele vem como Exu. Por que será? Uma das características dos Malandros é a flexibilidade, por isso ele é um guia que, não importa se é na Direta ou na Esquerda, ele está a serviço da Luz.

A Linha dos Malandros, como nas demais linhas, estão agrupados espíritos que tiveram encarnações diferentes entre si. O ponto central é sabermos que esses espíritos não estão presos a seus antigos nomes e sim, que foram agrupados a partir de suas afinidades vibratórias e evolutivas e de suas especialidades.

Seguem alguns nomes mais conhecidos das Entidades que trabalham nesta Linha:

  • Zé Pelintra
  • Zé Pretinho
  • Zé do Côco
  • Zé da Luz
  • Zé da Légua
  • Zé Moreno
  • Zé Pereira
  • Zé Malandro
  • Malandrinho
  • Camisa Preta
  • Camisa Listrada
  • Sete Navalhas
  • Malandro do Morro
    Entre outros...

Como citado acima, entre as Entidades femininas, estão Maria do Cais e Maria Navalha. Malandras  que também podem se manifestar na Esquerda e se apresentarem como pombogiras.

Os Malandros não possuem um dia específico, tendo em vista que a Linha tem um campo vasto de atuação, se manifestando tanto na Direita como na Esquerda. Os Malandros que trabalham na cura costumam ser mais associados aos Sábados, dia relacionado ao orixá Obaluaê. Já os que trabalham no corte de demanda tem uma associação mais direta com a Terça-Feira e Quarta-Feira, dias relacionados aos orixás Ogum e Iansã. 

Seu campo de atuação baseia-se na limpeza energética, purificação e equilíbrio. Eles quebram os preconceitos, o corte de magias negras e trabalham para abertura de caminhos. Seu ponto de força é na subida dos morros, nas esquinas e encruzilhadas. Trabalham também nos pés dos coqueiros e até na porta de cemitérios, dependendo do seu campo de atuação e energização.

A cor dos Malandros varia, podendo ser branco e vermelho, branco e preto ou vermelho e preto. Suas guias também são variados, podendo ser de coquinhos, porcelana bicolores (branca/vermelha, pretas/brancas ou vermelhas/pretas). Podem utilizar ainda sementes, pedras e até palha da costa com búzios.

Seus instrumentos de trabalho são baralhos, moedas, dados, palitos, palha da costa, pedras, pembas, sumos de ervas, barbantes, linhas, fitas, búzios, sementes, côco, água de côco, terra, dendê e azeite de oliva. 

Sua saudação baseia-se na alegria que transmitem, na firmeza e na força que carregam para dentro dos terreiros nos quais trabalham. E assim, trazem toda a energia que precisamos para alcançar melhores resultados no "Jogo da Vida".

Salve a Malandragem! Salve todas as Entidades que trabalham nesta Linha!

Salve a falange de seu Zé Pelintra!!!!

Muito axé, queridos irmãos!





quinta-feira, 22 de maio de 2014

Caboclos: Os Guerreiros das Matas


Quem são os Caboclos?!

 

 



Tudo começou pela palavra de um Caboclo. Foi através do Caboclo das Sete Encruzilhadas, por intermédio do médium Zélio Fernandino de Moraes, que nasceu a nossa Umbanda no dia 15 de Novembro de 1908. De lá pra cá são 106 anos da nossa querida religião.

Os Caboclos são entidades atuantes na linha da direita. São guias que trabalham na irradiação de Oxóssi, porém também seguem a irradiação de outros Orixás, de acordo com a sua linha de trabalho. São espíritos de uma certa hierarquia e que vibram na mesma energia das leis da Umbanda. Um Caboclo não precisa, necessariamente, ter sido um índio em sua última encarnação mas muitos dos que trabalham dentro da Umbanda já foram de origem indígena em alguma vida. Muitos já foram Incas, Astecas, Maias, entre outros. Todos já viveram em terras recém descobertas, formaram aldeias, tribos, e carregam em sua essência o conhecimento, o dom do cultivo e da fabricação, já que eram eles que criavam tudo que sua tribo necessitava.

Assim como os Pretos Velhos, os Caboclos são guias de grande elevação espiritual. Seu trabalho dentro de um terreiro é amplo, indo desde consultas, passes e correntes de energização a descarregos e trabalhos de manipulação, seja ela física ou com ervas, banhos, etc. São peritos no conhecimento medicinal através das ervas e da anatomia humana, muitos se denominam curandeiros, rezadeiros e parteiras. Na mesma proporção, existem Caboclos que são exímios caçadores e também conhecedores de agricultura.

Durante as giras, quando incorporados em seus médiuns, assumem uma postura rústica, lembrando e muito sua forma primitiva. Alguns médiuns se transfiguram, lembrando ainda mais uma figura indígena. Seus acessórios são, muitas vezes, cocares, penachos, cordões, arcos, flechas e lanças de madeira. Não dispensam um bom charuto, batem seus punhos "em flecha" no peito, no intuito de ativar o chakra cardíaco do médium, equilibrando suas emoções e utilizam muitas vezes o estalar de dedos como forma de energização do terreiro e do consulente. Seus brados são inconfundíveis, quem nunca se arrepiou ao ouvir um Caboclo gritar? O "ilá" de um Caboclo faz parte da linguagem comum entre eles, dificilmente um médium resiste escutar um brado sem, pelo menos, estremecer. Tanto em suas chegadas como em suas despedidas, o brado é utilizado, é uma marca registrada dos Caboclos.

Como dito no início, todos os Caboclos trabalham na irradiação de Oxóssi, por ser o Orixá das Matas, porém cada Caboclo que não pertence a irradiação pura de Oxóssi, trabalha para um determinado Orixá, utilizando de sua irradiação para atuar dentro e fora dos terreiros. Abaixo segue os exemplos de alguns Caboclos e seu respectivo Orixá.

Caboclos de Oxalá

Os Caboclos que seguem a linha de Oxalá quase não trabalham dando consultas. Geralmente dão passe de energização. São "compactados" para incorporar e se mantém localizados em um ponto do terreiro sem deslocar-se muito. Sua principal função é dirigir e instruir os demais Caboclos.

Exemplo: Caboclo Urubatão da Guia, Caboclo Tupã, Caboclo Estrela Guia, Caboclo Seta Branca de Aruanda, Caboclo Luz da Manhã, Caboclo Sol Nascente, Caboclo Luz Dourada, Caboclo da Chama Trina, Caboclo do Sagrado Coração, Caboclo da Cruz Sagrada, Caboclo do Sol e da Lua, Caboclo Pembra Branca, Caboclo Luz Branca, entre outros...

Caboclos de Ogum

Os Caboclos de Ogum gostam de andar de um lado para outro e falam de maneira forte, vibrante e suas atitudes demonstram vivacidade. As consultas são diretas, geralmente gostam de trabalhos de ajuda profissional e seus passes são, na maioria das vezes, para doar força física e ânimo.

Exemplo: Caboclo Sete Espadas, Caboclo Sete Matas, Caboclo Sete Ondas, Caboclo Sete Lanças, Caboclo Akuan, Caboclo Águia Branca, Caboclo Águia Dourada, Caboclo Águia Solitária, Caboclo Pena Vermelha, Caboclo da Mata, Caboclo Rompe-Nuvem, Caboclo Rompe-Ferro, Caboclo Rompe-Aço, Caboclo Rompe-Mato, Caboclo Tabajara, Caboclo Icaraí, Caboclo Tamoio, Caboclo Ubirajara, entre outros...

Caboclos de Oxóssi

Estes são os que mais se locomovem dentro do terreiro. São rápidos e dançam bastante. Trabalham com banhos e defumadores, não possuem trabalhos definidos, podendo trabalhar para diversas finalidades. São os caboclos que geralmente são chefes de linhas.

Exemplo: Caboclo das Sete Encruzilhadas, Caboclo Sete Serras, Caboclo Arruda, Caboclo Aimoré, Caboclo Arapuí, Caboclo Boiadeiro, Caboclo da Lua, Caboclo Caçador, Caboclo Flecheiro, Caboclo Folha Verde, Caboclo Guarani, Caboclo Japiassú, Caboclo Javarí, Caboclo Paraguassu, Caboclo Mata Virgem, Caboclo Pena Azul, Caboclo Rompe-Folha, Caboclo Sete Flechas, Caboclo Serra Azul, Caboclo Tupinambá, Caboclo Tupaíba, Caboclo Tupiara, Caboclo Ubá, Caboclo Junco Verde, Caboclo Tapuia, entre outros...


Caboclos de Xangô

Caboclos que trabalham na linha de Xangô são guias de incorporação rápida e geralmente eles arriam seus médiuns no chão. Normalmente trabalham focados em questões de empregos, causas na justiça, imóveis e realizações no campo profissional. São diretos para falar e seus passes são voltados para dispersão de energias negativas.

Exemplo: Caboclo Araúna, Caboclo Giramundo, Caboclo do Sol, Caboclo Cajá, Caboclo Caramuru, Caboclo Cobra Coral, Caboclo Girassol, Caboclo Goitacaz, Caboclo Guará, Caboclo Guaraná, Caboclo Janguar, Caboclo Juparã, Caboclo Mirim, Caboclo Sete Cachoeiras, Caboclo Sete Caminhos, Caboclo Sete Estrelas, Caboclo Sete Luas, Caboclo Sete Montanhas, Caboclo Tupi, Caboclo Treme-Terra, Caboclo Sultão das Matas, Caboclo Cachoeirinha, Caboclo Ubiratan, entre outros...

Caboclos de Obaluaê / Omulú

Os Caboclos de Obaluaê são, em alguns casos, espíritos dos antigos "pajés" das tribos indígenas. Raramente trabalham incorporados, e quando fazem isso, escolhem médiuns que tenham Obaluaê como primeiro Orixá. Sua incorporação parece a de um Preto Velho e em algumas casas, locomovem-se apoiados em cajados. Movimentam-se pouco e fazem trabalhos de magias para varios fins.

Exemplo: Caboclo Roxo, Caboclo Arranca-Toco, Caboclo Acuré, Caboclo Aimbiré, Caboclo Bugre, Caboclo Guiné, Caboclo Yucatan, Caboclo Jupurí, Caboclo Uiratan, Caboclo Alho d'Água, Caboclo Pedra Branca, Caboclo Pedra Preta, Caboclo Laçador, Caboclo Grajaúna, Caboclo Bacuí, Caboclo Piraí, Caboclo Surí, Caboclo Serra Verde, Caboclo Serra Negra, Caboclo Tira-Teima, Caboclo Folha Seca, Caboclo Sete Águias, Caboclo Tibiriçá, Caboclo Viramundo, entre outros...

Caboclas de Oxum

As Caboclas de Oxum geralmente são suaves, sua incorporação acontece principalmente através do chakra cardíaco. Trabalham mais na ajuda de doenças psíquicas como depressão, desânimo, entre outras. Seus passes são voltados tanto para dispersão quanto para energização. Suas consultas tendem a ser reflexivas, são conselheiras e seus passes quase sempre são para alívio emocional.

Exemplo: Cabocla Iracema, Cabocla Yara, Cabocla Imaiá, Cabocla Jaceguaia, Cabocla Juruema, Cabocla Juruena, Cabocla Araguaia, Cabocla Estrela da Manhã, Cabocla Tunue, Cabocla Mirini, entre outras...

Caboclas de Iansã

São rápidas e deslocam muito o médium. São diretas para falar e por diversas vezes pegam os consulentes de surpresa. Devido a ligação de Iansã com Xangô, essas Caboclas atuam nos campos profissionais e de prosperidade. Sua maior função é o passe de dispersão de energias negativas, mas também podem trabalhar para diversas finalidades, dependendo da necessidade.

Exemplo: Cabocla Jurema, Cabocla Bartira, Cabocla Jussara, Cabocla Japotira, Cabocla Maíra, Cabocla Ivotice, Cabocla Valquíria, Cabocla Raio de Luz, Cabocla Palina, Cabocla Poti, Cabocla Talina, Cabocla Potira, entre outras.

Caboclas de Iemanjá

São Caboclas suaves, porém mais rápidas do que as de Oxum. Rodam muito quando chegam, a ponto de deixar os médiuns tontos. Trabalham especificamente para desmanche de trabalhos, limpeza espiritual e todo o negativo é conduzido por elas para as águas do mar.

Exemplo: Cabocla da Praia, Cabocla Estrela d'Alva, Cabocla Janaína, Cabocla Diloé, Cabocla Guaraciaba, Cabocla Jandira, Cabocla Jaci, Cabocla Jaciara, Cabocla Sete Ondas, Cabocla Sol Nascente, entre outras...



Qual é o seu habitat: Nas matas grandes, virgens e fechadas.

Seu dia na semana: Quinta-Feira (dia de Oxóssi) ou no dia da irradiação a qual ele pertence.

Saudação: Okê Caboclo!

Comidas: Grãos cozidos e frutos.

Bebidas: Água, Água com Mel, Vinho, Vinho com Mel e Caldo de Cana.


Caboclos... Servos dos Orixás,  defensores da Lei e da Ordem espiritual dentro e fora dos Terreiros. São guias, amigos, guardas, médicos, mensageiros, conselheiros... São instrumentos da Luz Divina, são os protetores de Aruanda.

Estes são os caboclos...

Muito axé, queridos irmãos!





quarta-feira, 21 de maio de 2014

Quando um terreiro de Umbanda acaba?!


Quando um terreiro de Umbanda acaba?!

 



"Um terreiro de Umbanda acaba quando a vaidade é maior que a caridade.

Um terreiro de Umbanda acaba quando a fofoca e a intriga são maiores que o estudo e a disciplina.

Um terreiro de Umbanda acaba quando a maledicência fala mais alto que a beneficência.

Um terreiro de Umbanda acaba quando a higiene física, astral e mental são rigorosamente observadas.

Um terreiro de Umbanda acaba quando falsos médiuns são admitidos pelo dirigente na corrente apenas com o intuito de aumentar a arrecadação financeira da casa.

Um terreiro de Umbanda acaba quando as "festas" e "homenagens" são mais importantes e concorridas que as giras de atendimento e reuniões de estudo.

Um terreiro de Umbanda acaba quando as guias (colares) são mais importantes que os Guias (mentores).

Um terreiro de Umbanda acaba quando os "pontos" são cantados sem emoção e quando os "pontos" são riscados sem nenhuma noção.

Um terreiro de Umbanda acaba não porque os Guias se afastam dos médiuns, mas porque os médiuns é que se afastam dos Guias.

Um terreiro de Umbanda acaba quando se cobra o que não deve ser cobrado.

Um terreiro de Umbanda acaba quando não se cobra o que deve ser cobrado.

Um terreiro de Umbanda acaba quando a "mágica" substitui a verdade magia.

Um terreiro de Umbanda acaba quando o "visível" se torna mais importante que o "invisível".

Um terreiro de Umbanda acaba quando há falta de ética, de bom-senso e de respeito.

Enfim... Um terreiro de Umbanda acaba quando acaba a fé, o amor e a verdade.

Sr. Exu Marabô



Pombogira: A Exu-Mulher


Quem são as Pombogiras?!

 

 



"Pombagira é... Mulher de Sete Maridos... Não mexa com ela, ela é um perigo!"

Conhecida como "Pombagira", a pronúncia correta é "Pombogira" e em alguns terreiros, "Bombogira".
Esta é outra entidade de muita luz atuante na linha da Esquerda e igualmente injustiçada pela herança deixada na história de nosso país, assim como os Exus. Constantemente comparada ao "Diabo", as pombogiras convivem com preconceito mas também com fascínio de muitos.

As lebarás (como também são conhecidas) são entidades mensageiras dos Orixás. Conhecedoras do Mistério Astral, são doces e sedutoras porém sérias e firmes. São verdadeiras damas, ora discretas, ora espalhafatosas. Todas dentro de seu incontestável charme que traz uma verdadeira aura de alegria e sensualidade. Sua irradiação é tão intensa que faz até as pessoas mais céticas se encantarem ao som de suas gargalhadas e nas danças sempre esbanjando muita delicadeza e beleza.

A sua função dentro de um terreiro umbandista é praticamente a mesma do Exu. Elas são encarregadas de assegurar a aproximação dos Orixás no locais onde os mesmos estão sendo cultuados e também cuidam da porteira dos terreiros e da segurança de seus médiuns, realizando a triagem dos espíritos sem luz que ainda não estão prontos para o "socorro".

Errado é aquele que acha que pombogiras não é astuta. Assim que alcançou o grau análogo dos Exus, ela recebeu a alcunha de "Exu-Mulher" ou "Mulher de Exu". Marota como só ela, logo deixou claro e disse: "Sou mulher de Sete Exus... Um para cada dia da semana!" e assim, garantiu sua condição de superioridade e independência, dignas de uma Pombogira.

Pombogira construiu o arquétipo da mulher livre das convenções sociais, liberal, exibicionista, provocante, insinuante, sensual, desbocada e autêntica. Escrachada e provocativa, ela mexeu com o imaginário popular e muitos a associaram à mulher da rua, a famosa "rameira oferecida", apesar de nada ter o que comparar.

Educadas e sempre ótimas conselheiras, à todos elas ouve e a ninguém é negado seus conselhos. Sua ajuda se concentra em um campo que domina como ninguém mais é capaz: o Amor. Sua desenvoltura e seu poder fascinam até os mais introvertidos que, diante delas, se abrem e confessam suas necessidades.

Pelo fato de serem entidades femininas, elas podem se manifestar tanto em médiuns do sexo masculino como do feminino. Apesar de haver um grande pensamento de que apenas médiuns mulheres podem ser "cavalo" de uma pombogira e que os médiuns homens que vibram na irradiação de uma lebará são homossexuais ou podem se tornar, isso tudo é um verdadeiro equívoco. Existe um grande universo que ronda este assunto dentro das religiões espíritas, seja na Umbanda ou no Candomblé, porém nada justifica.

Quando há a incorporação de um espírito, o que move o mesmo é a evolução moral do médium e a sua necessidade de servir em nome do bem, da caridade. A condição sexual de cada um não importa para aquela entidade, mas sim a vontade de prestar a caridade! A homossexualidade é uma questão humana e não espiritual. Nenhum homem se torna homossexual por servir de instrumento para uma pombogira, da mesma forma que nenhuma mulher se torna homossexual ao incorporar um Exu.


Elas são entidades de luz e que auxiliam os filhos de fé dentro dos terreiros e fora deles também. São damas injustiçadas pela herança popular, vítimas do preconceito mas que nunca descem do salto, nos ensinando assim a superar todos os obstáculos da vida. São verdadeiras guerreiras espirituais que, com doçura, nos ensina as lições da vida e, com firmeza, quebra as demandas oriundas das trevas.

Essas são as pombogiras.


As pombogiras se identificam por diversos nomes e trabalham em todas as Sete Linhas. Muitas levam nomes semelhantes, mas nenhuma é igual a outra. Cada uma com seu encanto, cada uma com a sua firmeza. Segue abaixo alguns nomes de nossas queridas moças.

  • Maria Padilha
  • Maria Mulambo
  • Maria Quitéria
  • Maria Bonita
  • Maria das Flores
  • Rosa Caveira
  • Rosa Vermelha
  • Rosa Negra
  • Pombogira da Figueira
  • Pombogira Rainha
  • Pombogira Sete Saias
  • Pombogira da Lira
  • Pombogira Dama da Noite
  • Pombogira Menina
  • Entre outras...

"Ela é mulher, ela é protetora. Ela é a vida onde se acha estar morto...
Ela é resgatadora, ela é guardiã. Ela é esgotadora das energias descontroladas...
Ela é a luz nas trevas, ela é guerreira de Deus."


Muito axé, queridos irmãos!


terça-feira, 20 de maio de 2014

Exu: O Guardião dos Caminhos



Quem são os Exus?!




Muito se fala, mas pouco se entende destas incríveis entidades da Umbanda.

Apesar das referências ao diabo, devido a herança do sincretismo religioso, é errado associar os Exus a prática do mal. Na Umbanda, o Exu é uma entidade mensageira dos Orixás. Eles cuidam da segurança da Casa e de seus médiuns. Todas religiões possuem entidades que cumprem este papel de guardiões. Um exemplo disso foi a comunicação recebida por Chico Xavier, onde é dito sobre a existência de espíritos trabalhando nestas funções no Plano Astral.

A Gira de Exu, como são chamadas as reuniões onde estas entidades incorporam para trabalhar, tem como finalidade descarregar os médiuns e os consulentes. Utilizando suas energias, são capazes de orientar com facilidade almas que ainda não encontraram seu caminho de luz. Espíritos desencarnados que ainda não aceitaram sua passagem para o mundo espiritual e que, presos aos vícios do mundo carnal, continuam buscando saciar seus desejos, seja prejudicando, desequilibrando ou sugando as energias dos encarnados. Em alguns casos, o desequilíbrio é tanto que algumas pessoas são diagnosticadas como loucas.

Para este tipo de trabalhos, os Exus necessitam muito do nosso equilíbrio e de nossa energia. Quando estes espíritos sem luz se manifestam em um terreiro, seja em um médium ou em um consulente, os Exus utilizam do nosso equilíbrio para que tenhamos bons pensamentos, harmonia e amor verdadeiro para com o próximo, uma vez que estes espíritos podem se manifestar com ódio, rancor, raiva, entre outros sentimentos ruins. Desta forma, é possível "desarmar" estes espíritos para que não tentem tomar a frente da situação e, quem sabe, persuadi-los a seguir o caminho da luz, libertando-os do encarnado ao qual está ligado. Estes espíritos, na maioria dos casos, estão desorientados, com dores, tristes, sofrendo pelo desencarne, humilhadas. Diante disso, os Exus auxiliam estes espíritos.

Quando um consulente chega a um terreiro de Umbanda, se está acompanhado de um espírito sem luz, este espírito não consegue se aproximar da casa pois os Exus firmados na Tronqueira são responsáveis pela segurança e encarregados de fazer uma triagem, permitindo apenas que espíritos que eles percebem que já estão prontos para receber o auxílio entrem na casa.

Os Exus são entidades que riem, sarristas e simpáticos, porém não brincam em serviço. Deve se ter muito respeito para com essas entidades, pois eles são os que guardam os terreiros e também nossos caminhos. São os principais responsáveis pela limpeza das energias pesadas e negativas. Toda pessoa que busca auxílio em um terreiro de Umbanda, traz consigo um saco de lixo abarrotado (com seus pensamentos ruins, suas raivas, angústias, desilusões, etc) e são os Exus que ficam encarregados de juntar todo esse lixo espiritual e descarregar, melhorando nossa autoestima e dando-nos mais força para seguir nosso caminho.

Exu é mal?!

Há quem diga que os Exus são demônios, e até alguns pontos cantados fazem alusão a isso, porém está errado aquele que afirma isso. Exu é neutro, quem faz o mal são os médiuns que utilizam os Exus para fazerem trabalhos prejudiciais a outras pessoas. Na verdade, o bem e o mal é produto da vontade e da evolução do próprio homem e Exu está acima do bem e do mal, sentimentos esses pertencentes a evolução humana.

No tempo da escravidão, os brancos conheciam as danças dos negros africanos como forma de saudarem seus santos e durante estes rituais, os negros incorporavam alguns Exus. Com seu brado e com o jeito maroto e extrovertido, os brancos se assustavam e se afastavam ou até mesmo agrediam os negros, alegando estarem endemoniados. Com o passar do tempo, os brancos tomaram conhecimento dos sacrifícios que eram oferecidos a Exu e isso reacendeu a chama do preconceito, aumentando ainda mais a alcunha de demônio. As cores de Exu também serviu para aumentar o medo e o fascínio que rondava as pessoas mais sensíveis.

Então, quem é Exu?!

Exu, termo originário do idioma Yorubá, da Nigéria, representa o vigor, a energia que gira em espiral.
Ele é o guardião dos caminhos, é soldado dos Pretos Velhos e dos Caboclos, é o emissário entre os homens e os Orixás. É lutador contra o mau, sempre de frente, sem medo e sem mandar recado.

São verdadeiros cobradores do carma e responsáveis pelos espíritos humanos caídos. São o braço armado e a espada divina do Criador nas Trevas. Eles combatem o mal e são responsáveis pela estabilidade astral na escuridão. Em seus trabalhos, Exu corta demandas, desfaz trabalhos, feitiços e magia negra. Ajuda nos descarregos e desobsessões, retirando espíritos trevosos e os encaminhando para a luz ou para que possam cumprir suas penas em outros lugares do Astral Inferior.

Seu dia é Segunda-Feira, seu patrono é Santo Antonio, cuja data comemorativa é a mesma de sua comemoração. Sua roupa, quando lhe é permitido usar, tem as cores preta e vermelha, podendo variar de acordo com a irradiação a qual correspondem. Usam cartolas ou outros chapéus, capas, véus e até mesmo bengala e punhais em alguns casos.

Algumas palavras sobre estas entidades fascinantes...

- Tem palavra e a honra.
- Busca sempre a evolução.
- Por sua função cármica, sofrem com constantes choques energéticos a que estão expostos.
- Afastam-se daqueles que atrasam sua evolução.
- São justos e dificilmente mostram "emotividade".
- São caridosos e estão sempre nos lugares mais perigosos para a Alma Humana.

As vezes temido, as vezes amado, mas sempre alegre, honesto e combatente da maldade no mundo...

Esse é Exu...

Muito axé, queridos irmãos!

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Obaluaê / Omulu: O Senhor da Cura e da Terra



Quem é Obaluaê / Omulu?!






Obaluaê é uma flexão dos termos: Oba (rei) + Oluwô (senhor) + Ayiê (terra) ou seja "Rei, Senhor da Terra". Omulu também é uma flexão dos termos: Omo (filho) + Oluwô (senhor) ou seja "Filho e Senhor". 

Obaluaê, o mais moço, é o guerreiro, caçador, lutador. Omulu o mais velho, é o sábio, o feiticeiro, guardião. 
Porém, ambos têm a mesma regência e influência. No cotidiano significam a mesma coisa, têm a mesma ligação e são considerados a mesma força da natureza.

Obaluaê (ou Omulu) é o Sol, a quentura e o calor do astro rei. É o Senhor das pestes, das moléstias contagiosas ou não. É o Rei da Terra, do interior da Terra e é o Orixá que cobre o rosto com o Filá (de palha da costa), porque para os humanos é proibido ver seu rosto, pela deformação feita pela doença e pelo respeito que devemos a este poderosíssimo Orixá.

Reza a lenda que é filho de Nanã, que o abandonou por ser doente. Iemanjá foi sua mãe de criação, que o alimentava com pipocas sem sal, acrescida de mel para melhorar o gosto e passava azeite de dendê em suas feridas para aliviar a dor e a coceira.

Obaluaê está no organismo, no funcionamento do organismo. Na dor que sentimos pelo mal funcionamento dos órgãos ou por uma queda, corte ou queimadura. Obaluaê rege a saúde, os órgãos e o funcionamento destes. A ele devemos nossa saúde e é comum, nas Casas de Santo, se realizar os Eboris de Saúde, que fazem para trazer saúde para o corpo doente.

O órgão central da regência de Obaluaê é a bexiga mas está ligado a todos os outros. Ele trata do interior, fundamentalmente, mas cuida também da pele e de suas moléstias. 

Divide com Iansã a regência dos cemitérios, pois ele é o Orixá que vem como emissário de Oxalá (princípio ativo da morte), para buscar o espírito desencarnado. É Obaluaê (ou Omulu) que vai mostrar o caminho, servir de guia para aquela alma. Obaluaê tem é o Senhor da Terra e das camadas de seu interior, para onde vamos todos nós. Dai a ligação que tem com os mortos, pois ele é quem vai cuidar do corpo sem vida e guiar o espírito que deixou aquele corpo. É por isso que Obalauê e Omulu gostam de coisas passadas, apodrecidas.

O sol também tem a sua regência. Ele também é o Calor provocado pelo sol quente. Há quem diga que não se deve sair à rua quando o Sol está quente sem a proteção de um patuá, a fim de não correr riscos e não sofrer a ira de Obaluaê, geralmente fatal. Obaluaê está presente em nosso dia-a-dia, quando sentimos dores, agonia, aflição, ansiedade. Está presente quando sentimos coceira e comichões na pele. Rege também o suor, a transpiração e seus efeitos. Rege aqueles que tem problemas mentais perturbações nervosas e todos os doentes.

Está presente nos hospitais, casa de saúde, ambulatórios, postos de saúde, clínicas, sempre próximo dos leitos. Rege os mutilados, aleijados, enfermos. Ele proporciona a doença mas, principalmente, a cura, a saúde. É o Orixá da misericórdia.

Obaluaê é a força da Natureza que rege o incômodo de um modo geral. Rege o mal estar, o enjôo, o mal humor, a intranquilidade. É o Orixá do abafamento e está presente nele, bem como na má digestão e na congestão estomacal. Gera o ácido úrico e seus efeitos.

Obaluaê está presente em todas as enfermidades e sua invocação, nessas horas, pode significar a cura, a recuperação da saúde.

Omulu ou Obaluaê... Qual é a diferença?!


Em termos mais estritos, Obaluaê é a forma jovem do Orixá Xapanã, enquanto Omulu é a forma mais velha. Como porém, Xapanã é um nome proibido para se falar fora dos terreiros tanto no Candomblé como na Umbanda, não devendo ser mencionado pois pode atrair a doença inesperadamente. A forma Omulu é a que mais se popularizou e acabou sendo confundida não apenas com a forma mais velha do Orixá, mas com sua essência genérica em si. Esta distinção se aproxima da que existe entre as formas básicas de Oxalá, já que Oxalá no Candomblé é dividido em três  tipos: Oxalá (Jesus Cristo), Oxagyan (Oxalá jovem) e Oxalufã (Oxalá velho), estes dois outros tipos de Oxalá raramente são cultuados na Umbanda. A figura de Omulu/Obaluaê, assim como em seus mitos, é completamente cercada de mistérios e dogmas indevassáveis. Em termos gerais, a essa figura é atribuído o controle sobre todas as doenças, especialmente as epidêmicas. Faria parte da essência básica vibratória do Orixá tanto o poder de causar a doença como o de possibilitar a cura do mesmo mal que criou. Em algumas narrativas mais tradicionalistas tentam apontar-se que o conceito original da divindade se referia ao deus da varíola. Tal visão porém nos parece uma evidente limitação. A varíola não seria a única doença sob seu controle, simplesmente por ser a epidemia mais devastadora e perigosa que conheciam os habitantes da comunidade original africana, onde surgiu Omulu/Obaluaê, o Daomé

Assim, sombrio e grave como Iroco, Oxumarê (seu irmão) e Nanã (sua mãe), Omulu/Obaluaê é uma criatura da cultura "Jejê", posteriormente associada a cultura Yorubá. Enquanto os Orixás yorubanos são extrovertidos, de têmpera passional, alegres, humanos e cheios de pequenas falhas que os identificam com o seres humanos, a figuras daomeanas estão mais associadas a uma visão religiosa em que distanciamento entre deuses e seres humanos é bem maior. Quando há uma aproxima, há de se temer, pois alguma tragédia está para acontecer. Os Orixás de Daomé são austeros no comportamento mitológico, graves e consequentes em suas ameaças. A visão de Omulu/Obaluaê é a do castigo. Se um ser humano falta com ele ou um filho de santo seu é ameaçado, o Orixá castiga com violência e determinação, sendo difícil uma negociação ou um aplacar, mais provável nos Orixás de Yorubá.


Como são os filhos de Obaluaê / Omulu?!


Os filhos de Omulu são pessoas extremamente pessimistas e teimosas, que adoram exibir seus sofrimentos, daqueles que procuram o caminho mais longo e difícil de alguém atingir. Deprimidos e depressivos, são capazes de desanimar o mais otimista dos seres. Acham que nada pode dar certo e que nada está bom. Às vezes são doces mas geralmente possuem manias de velho, como a rabugice. 

Gostam da ordem, gostam que as coisas saiam da maneira que planejaram. Não são do tipo que levam desaforo pra casa e se sentirem ofendidos, respondem no ato, não importa a quem seja. Pensam que só eles sofrem, que ninguém os compreende e não possuem grandes ambições.

Podem apresentar doenças de pele, marcas no rosto, doces e outros problemas nas pernas. São pessoas sem muito brilho, sem muita beleza. São perversos e adoram irritar as pessoas. São lentos e exigentes.


Dia da Semana: Segunda-Feira

Saudação: Atotô!

Sincretismo: São Lázaro (Omulu) e São Roque (Obaluaê)

Data Comemorativa: 16 de Agosto (Obaluaê) e 02 de Novembro (Omulu)

Cores: Branco e Preto

Habitat: Cruzeiro do Cemitério

Bebida: Vinho tinto e Sumo de suas próprias ervas.


Muito axé, queridos irmãos!


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Iansã: A Senhora dos Ventos



Quem é Iansã?!






Iansã é um Orixá feminino muito famoso no Brasil, sendo figura das mais populares entre os mitos da Umbanda e do Candomblé em nossa terra e também na África, onde é predominantemente cultuada sob o nome de Oyá. É um dos Orixás do Candomblé que penetrou na Umbanda, talvez por ser o único que se relaciona, na liturgia mais tradicional africana, com os espíritos dos mortos (Eguns), que têm participação ativa na Umbanda, enquanto são afastados e pouco cultuados no Candomblé.

Em termos de sincretismo, costuma ser associada à figura católica de Santa Bárbara, talvez por causa do raio, já que a santa é sempre evocada para proteger um fiel de uma tempestade. O mesmo acontece com Oyá, que deve ser saudada após os trovões, não pelo raio em si (propriedade de Xangô ao qual ela costuma ter acesso), mas principalmente porque tem sido Iansã uma das mais apaixonadas amantes de Xangô, senhor da justiça não atingiria quem se lembrasse do nome de sua amada. Ao mesmo tempo, ela é a senhora do vento e consequentemente das tempestades.

Nas cerimônias da Umbanda e do Candomblé, Iansã surge, quando incorporada a seus filhos, como autêntica guerreira, brandindo sua espada, ameaçando os outros, prometendo a guerra, sempre guerreira. Ao mesmo tempo é feliz. Ela sabe amar e gosta de mostrar o seu amor e a sua alegria contagiante da mesma forma que desmedida com que exterioriza a sua cólera.

Como a maior parte dos Orixás femininos cultuados inicialmente pelos nagôs (ou iorubás, outro nome para a mesma cultura) é a divindade de um rio conhecido internacionalmente como rio Niger ou Oyá pelos africanos, isso porém, não deve ser confundido com um domínio sobre a água.

A figura de Iansã sempre guarda boa distância das demais personagens femininas centrais do panteão mitológico africano. Se aproxima mais dos terrenos consagrados tradicionalmente ao homem, pois esta presente tanto nos campos de batalha, onde se resolvem as grandes lutas, como nos caminhos cheios de riscos e de aventura. Enfim, está sempre longe do lar. Iansã não gosta dos afazeres domésticos.

É extremamente sensual, apaixona-se com frequência e a multiplicidade de parceiros é uma constante na sua ação, raramente ao mesmo tempo, já que Iansã costuma ser íntegra em suas paixões, assim nada nela é medíocre, regular, discreto, suas zangas são terríveis, seus arrependimentos dramáticos, seus triunfos são decisivos em qualquer tema e não quer saber de mais nada, não sendo dada a picuinhas, pequenas traições. É o Orixá do arrebatamento, da paixão.


Como são os filhos de Iansã?!



Iansã é uma mulher guerreira que, em vez de ficar no lar, vai à guerra. São assim os filhos de Iansã, que preferem batalhas grandes e dramáticas ao cotidiano repetitivo. Costumam ver guerra em tudo, sendo portanto, competitivos, agressivos e dados a ataque de cólera. Ao contrário, porém, da busca de certa estratégia militar, que faz parte da maneira de ser dos filhos de Ogum, que enfrentam a guerra do dia-a-dia, os filhos de Iansã costumam ser mais individualistas, achando que com a coragem e a disposição para a batalha, vencerão todos os problemas, sendo menos sistemáticos, portanto, que os filhos de Ogum.

O temperamento dos que tem Oyá como Orixá de cabeça costuma ser instável, exagerado, dramático em questões que, para outras pessoas não mereciam tanta atenção e, principalmente, tão grande dispêndio de energia.

São do tipo Iansã aquelas pessoas que podem ter um desastroso ataque de cólera no meio de uma festa, num acontecimento social, na casa de um amigo e, o que é mais desconcertante, momento após extravasar uma irreprimível felicidade.

Os filhos de Iansã são atirados, extrovertidos e chocantemente diretos. Às vezes tentam ser maquiavélicos ou sutis, mas só detidamente. A longo prazo, um filho de Iansã sempre acaba mostrando cabalmente quais seus objetivos e pretensões. Eles têm uma tendência a desenvolver vida sexual muito irregular, pontilhada por súbitas paixões, que começam de repente e podem terminar mais inesperadamente ainda. São ciumentos, possessivos, muitas vezes se mostrando incapazes de perdoar qualquer traição. Ao mesmo tempo, costumam ser amigos fiéis para os poucos escolhidos para seu círculo mais íntimo.

Um problema, porém, pode atrapalhar tudo: a inconstância com que vê sua vida amorosa; outros detalhes podem também contaminar os aspectos profissionais.

Todas essas características criam uma grande dificuldade de relacionamentos duradouros com os filhos de Iansã. Se por um lado são alegres e expansivos, por outro, podem ser muito violentos se contrariados. Se têm a tendência para franqueza e para o estilo direto, também não podem ser considerados confiáveis, pois fatos menores provocam reações enormes e, quando possessos, não há ética que segure os filhos de Iansã, dispostos a destruir tudo com seu vento forte e arrasador.


Dia da Semana: Quarta-Feira

Saudação: Eparrei!

Sincretismo: Santa Bárbara

Data Comemorativa: 4 de Dezembro

Cores: Amarelo Escuro (Umbanda) Vermelho (Candomblé)

Habitat: Tempestades e Ventanias

Bebida: Champanhe


Muito axé, queridos irmãos!