Quem é Obaluaê / Omulu?!
Obaluaê é uma flexão dos termos: Oba (rei) + Oluwô (senhor) + Ayiê (terra) ou seja "Rei, Senhor da Terra". Omulu também é uma flexão dos termos: Omo (filho) + Oluwô (senhor) ou seja "Filho e Senhor".
Obaluaê, o mais moço, é o guerreiro, caçador, lutador. Omulu o mais velho, é o sábio, o feiticeiro, guardião.
Porém, ambos têm a mesma regência e influência. No cotidiano significam a mesma coisa, têm a mesma ligação e são considerados a mesma força da natureza.
Obaluaê (ou Omulu) é o Sol, a quentura e o calor do astro rei. É o Senhor das pestes, das moléstias contagiosas ou não. É o Rei da Terra, do interior da Terra e é o Orixá que cobre o rosto com o Filá (de palha da costa), porque para os humanos é proibido ver seu rosto, pela deformação feita pela doença e pelo respeito que devemos a este poderosíssimo Orixá.
Reza a lenda que é filho de Nanã, que o abandonou por ser doente. Iemanjá foi sua mãe de criação, que o alimentava com pipocas sem sal, acrescida de mel para melhorar o gosto e passava azeite de dendê em suas feridas para aliviar a dor e a coceira.
Obaluaê está no organismo, no funcionamento do organismo. Na dor que sentimos pelo mal funcionamento dos órgãos ou por uma queda, corte ou queimadura. Obaluaê rege a saúde, os órgãos e o funcionamento destes. A ele devemos nossa saúde e é comum, nas Casas de Santo, se realizar os Eboris de Saúde, que fazem para trazer saúde para o corpo doente.
O órgão central da regência de Obaluaê é a bexiga mas está ligado a todos os outros. Ele trata do interior, fundamentalmente, mas cuida também da pele e de suas moléstias.
Divide com Iansã a regência dos cemitérios, pois ele é o Orixá que vem como emissário de Oxalá (princípio ativo da morte), para buscar o espírito desencarnado. É Obaluaê (ou Omulu) que vai mostrar o caminho, servir de guia para aquela alma. Obaluaê tem é o Senhor da Terra e das camadas de seu interior, para onde vamos todos nós. Dai a ligação que tem com os mortos, pois ele é quem vai cuidar do corpo sem vida e guiar o espírito que deixou aquele corpo. É por isso que Obalauê e Omulu gostam de coisas passadas, apodrecidas.
O sol também tem a sua regência. Ele também é o Calor provocado pelo sol quente. Há quem diga que não se deve sair à rua quando o Sol está quente sem a proteção de um patuá, a fim de não correr riscos e não sofrer a ira de Obaluaê, geralmente fatal. Obaluaê está presente em nosso dia-a-dia, quando sentimos dores, agonia, aflição, ansiedade. Está presente quando sentimos coceira e comichões na pele. Rege também o suor, a transpiração e seus efeitos. Rege aqueles que tem problemas mentais perturbações nervosas e todos os doentes.
Está presente nos hospitais, casa de saúde, ambulatórios, postos de saúde, clínicas, sempre próximo dos leitos. Rege os mutilados, aleijados, enfermos. Ele proporciona a doença mas, principalmente, a cura, a saúde. É o Orixá da misericórdia.
Obaluaê é a força da Natureza que rege o incômodo de um modo geral. Rege o mal estar, o enjôo, o mal humor, a intranquilidade. É o Orixá do abafamento e está presente nele, bem como na má digestão e na congestão estomacal. Gera o ácido úrico e seus efeitos.
Obaluaê está presente em todas as enfermidades e sua invocação, nessas horas, pode significar a cura, a recuperação da saúde.
Omulu ou Obaluaê... Qual é a diferença?!
Em termos mais estritos, Obaluaê é a forma jovem do Orixá Xapanã, enquanto Omulu é a forma mais velha. Como porém, Xapanã é um nome proibido para se falar fora dos terreiros tanto no Candomblé como na Umbanda, não devendo ser mencionado pois pode atrair a doença inesperadamente. A forma Omulu é a que mais se popularizou e acabou sendo confundida não apenas com a forma mais velha do Orixá, mas com sua essência genérica em si. Esta distinção se aproxima da que existe entre as formas básicas de Oxalá, já que Oxalá no Candomblé é dividido em três tipos: Oxalá (Jesus Cristo), Oxagyan (Oxalá jovem) e Oxalufã (Oxalá velho), estes dois outros tipos de Oxalá raramente são cultuados na Umbanda. A figura de Omulu/Obaluaê, assim como em seus mitos, é completamente cercada de mistérios e dogmas indevassáveis. Em termos gerais, a essa figura é atribuído o controle sobre todas as doenças, especialmente as epidêmicas. Faria parte da essência básica vibratória do Orixá tanto o poder de causar a doença como o de possibilitar a cura do mesmo mal que criou. Em algumas narrativas mais tradicionalistas tentam apontar-se que o conceito original da divindade se referia ao deus da varíola. Tal visão porém nos parece uma evidente limitação. A varíola não seria a única doença sob seu controle, simplesmente por ser a epidemia mais devastadora e perigosa que conheciam os habitantes da comunidade original africana, onde surgiu Omulu/Obaluaê, o Daomé.
Assim, sombrio e grave como Iroco, Oxumarê (seu irmão) e Nanã (sua mãe), Omulu/Obaluaê é uma criatura da cultura "Jejê", posteriormente associada a cultura Yorubá. Enquanto os Orixás yorubanos são extrovertidos, de têmpera passional, alegres, humanos e cheios de pequenas falhas que os identificam com o seres humanos, a figuras daomeanas estão mais associadas a uma visão religiosa em que distanciamento entre deuses e seres humanos é bem maior. Quando há uma aproxima, há de se temer, pois alguma tragédia está para acontecer. Os Orixás de Daomé são austeros no comportamento mitológico, graves e consequentes em suas ameaças. A visão de Omulu/Obaluaê é a do castigo. Se um ser humano falta com ele ou um filho de santo seu é ameaçado, o Orixá castiga com violência e determinação, sendo difícil uma negociação ou um aplacar, mais provável nos Orixás de Yorubá.
Como são os filhos de Obaluaê / Omulu?!
Os filhos de Omulu são pessoas extremamente pessimistas e teimosas, que adoram exibir seus sofrimentos, daqueles que procuram o caminho mais longo e difícil de alguém atingir. Deprimidos e depressivos, são capazes de desanimar o mais otimista dos seres. Acham que nada pode dar certo e que nada está bom. Às vezes são doces mas geralmente possuem manias de velho, como a rabugice.
Gostam da ordem, gostam que as coisas saiam da maneira que planejaram. Não são do tipo que levam desaforo pra casa e se sentirem ofendidos, respondem no ato, não importa a quem seja. Pensam que só eles sofrem, que ninguém os compreende e não possuem grandes ambições.
Podem apresentar doenças de pele, marcas no rosto, doces e outros problemas nas pernas. São pessoas sem muito brilho, sem muita beleza. São perversos e adoram irritar as pessoas. São lentos e exigentes.
Dia da Semana: Segunda-Feira
Saudação: Atotô!
Sincretismo: São Lázaro (Omulu) e São Roque (Obaluaê)
Data Comemorativa: 16 de Agosto (Obaluaê) e 02 de Novembro (Omulu)
Cores: Branco e Preto
Habitat: Cruzeiro do Cemitério
Bebida: Vinho tinto e Sumo de suas próprias ervas.
Bebida: Vinho tinto e Sumo de suas próprias ervas.